Doença
genealógica causada pelo um vírus denominado "vírus-gen",
embora alguns pesquisadores, de outra linha de trabalho, o tenham denominado de
“geneacocus pesquisandi".
Invariavelmente,
o contágio se dá pela curiosidade. A pessoa quer saber quem foram seus
bisavós e, depois, quem foram os pais deles. Aí, ele já está contaminado
e vai querer descobrir quem foram os avós dos tataravôs e, assim,
indefinidamente, em escala exponencial.
Seus sintomas
são facilmente notados. Contraído o vírus, a vítima passa a vasculhar arquivos
empoeirados, de espremer os olhos para decifrar microfilmes de registros
antigos de caligrafia ilegível, Além disso, o paciente, continuadamente, fica
entrevistando parentes distantes e desconhecidos, em busca de nomes, datas e
lugares. Gosta muito de entrevistar pessoas de idade avançada e que têm
boa memória.
O paciente tem
uma expressão pálida em sua face e, freqüentemente, parece ser surdo ao cônjuge
e filhos, não tendo gosto por nenhum tipo de trabalho, exceto o de,
fervorosamente, procurar nomes e datas em registros, bibliotecas e cartórios.
Tem uma
compulsão para escrever cartas e passa horas sentado em frente ao computador.
Reclama com o
carteiro quando este não lhe traz correspondência ou ameaça chutar o computador
se não tem e-mail para ele.
Freqüenta
lugares estranhos, tais como: cemitérios, ruínas e áreas remotas e isoladas no
interior do país. Faz chamadas secretas à noite e esconde as contas telefônicas
do cônjuge.
O paciente
resmunga consigo mesmo e tem um estranho olhar.
Tem uma compulsão
estranha por juntar e espalhar papéis velhos por toda a casa, deixando pilhas
de papel por todo lado, com nomes e números estranhos.
A doença ataca
tanto homens como mulheres, principalmente os que passam dos quarenta anos, mas
já foram registrados casos em jovens e pessoas de menos idade.
Já se tentou vários
tratamentos, mas não se conhece cura. Medicamentos são inúteis. A doença
não é fatal, mas se torna progressivamente pior. A doença tem-se espalhado por
todo o país muito rapidamente, tornando-se uma epidemia.
O paciente deve
assistir a reuniões e sessões de genealogia, assinar revistas genealógicas e
ser submetido a vários outros formulários.
Também, é conveniente
ter um computador instalado em um canto silencioso da casa, onde ele ou ela
possa ficar sozinho, passando a limpo seus apontamentos.
Se a família
conseguir suportar o paciente com esse tratamento, ocasionalmente ele sairá
deste estranho transe e terá um comportamento normal: desde que não passe perto
de um cemitério ou de um fórum.
A natureza incomum
desta doença é tal, que quanto mais doente fica o paciente, mais ele ou ela
parece gostar, algumas vezes dançando sozinho e gritando:
“Achei ! Achei
! Acheeei !"