É tão difícil ser crescida...
Às vezes penso que passamos toda a pós-adolescência a "curar" mazelas de infância. Parece que talvez tudo fosse mais fácil naquela altura... apesar de tudo o que passámos para crescer.
Eu pelo menos, tento constantemente curar-me delas. Não sei às vezes quem é mais teimosa, se eu ou se elas... por vezes acredito que sou eu...
Quando nos relacionamos com outras pessoas, por vezes manifestamos essas feridas e por vezes até as juntamos. Infelizmente por mais que queiramos fazer uma trouxa com elas e atirá-la para bem longe, afogá-la ou pegar-lhe fogo não podemos... Mas quem é que fez estas regras?
Talvez seja até melhor assim...
Depois do que falaríamos? Como encontraríamos semelhanças entre nós (em vez de diferenças)...
As coisas pioram consideravelmente quando numa relação (amizade, namoro, parentesco...) e apesar de termos a nossa trouxa, tentamos e queremos com mesmo muita força ajudar o outro a diminuir o peso da sua própria trouxa.
"Põe isso para trás das costas"; "Olha para a frente"
Nãaa, isso é pior ainda!!
O peso vai aumentando e quando damos por isso não conseguimos caminhar. Isto para não falar nas dores de costas!
O que fazer então com estas mazelas, traumas, problemas...?
Resolvê-las!
É tão fácil dizer...
Bom, pelo menos DEVEMOS tentar.
Vamos imaginar que temos um novelo de lã todo emaranhado. Por que ponta devemos começar? Só de olhar para ele quase desistimos...
Bom... puxamos uma ponta, depois outra... Alguma há-de começar a mostrar o caminho certo. Podemos procurar uma ponta, ou duas... Puxamos, choramos, cortamos-nos quando puxamos demais e o fio nos vinca os dedos... O importante é NÃO DESISTIRMOS.
Lembrei-me agora da carta de Tarot: The Fool ou O Louco, a primeira carta.
Esta carta representa o início de uma caminhada, seja para onde for. Sem pensar bem no caminho o importante foi COMEÇAR e isso representa um potencial enorme para tudo o que pode acontecer.
Vejam bem a trouxa do personagem. Sem preocupações, leva apenas uma pequena bolsa. Ele acredita que tem tudo o que precisa com ele.
Está preocupado? Nem por isso. Aliás está tão absorto neste INÍCIO de caminhada que está pronto para correr qualquer risco, nem que seja cair da ravina.
O Sol está a nascer, é um novo dia, um novo começo.
Inocente? Um pouco... É o que representa a rosa branca na sua mão. Mas acabamos todos por ser um pouco inocentes quando iniciamos uma nova jornada, é nova... certo?
É livre para o fazer. Isso ninguém lhe tira!
Vai sozinho? Não... o cão vai com ele. Talvez porque por vezes é muito difícil caminharmos sozinhos... Não há vergonha em pedir ajuda/apoio, não somos mais fracos por isso, aliás, isso muitas vezes demonstra que o orgulho foi posto de lado.
Todos nos trilhámos um caminho diferente, para os outros pode parecer fácil mas só "quem calça os sapatos é que sabe o quanto lhe magoam os pés". Para trás este viajante deixou as montanhas os caminhos pedregosos... Desistiu? Não!
O Louco ajuda-nos a aceitar despreocupadamente o que o futuro nos reserva. O segredo é simples: aceitar o que a vida lhe reserva. Go with the flow.
Somos todos aprendizes de tudo e de alguma coisa.
Avaliar o que está mal, o que queremos mudar e fazê-lo é fácil de dizer mas o importante é, como disse acima, começar!
Que tal nos deixarmos ir como fazem as crianças? Enjoy each moment, Carpe Diem!
Há limites... temos que ver onde "pomos os pés" para não cairmos em nenhuma ravina como o nosso amigo ali em cima.
Esta é uma das minhas cartas preferidas no Tarot. E eu não gosto muito de começar coisas novas... Não gosto muito de sair da minha zona de conforto mas, se a cobra não parar para perder a pele velha, nunca vai crescer. Certo?
Agora em relação à bagagem, trouxa, mochila que cada um trás...
Por mais que me custe vou ter que dizer isto (e se perguntarem se fui eu que disse vou desmentir):
Adenda:
"Vire a cara para o sol e as sombras ficarão atrás de si"
Provérbio maori