(Tudo isto retrata a minha opinião pessoal.) Post publicado no dia 21 mas com ADENDA no dia 25.
Quando colocamos alguém num pedestal, estamos a oferecer o nosso poder e dizer “não sou bom o suficiente”.
Quando nos apaixonamos por alguém ou fazemos uma nova amizade, às vezes vemos essa pessoa envolta numa luz incandescente. As suas qualidades dominam o primeiro plano de nossa perceção e por isso não vemos os seus atributos negativos. Este estado temporário é normalmente conhecido por colocar alguém num pedestal. Muitas vezes, colocamos líderes espirituais e até familiares em pedestais. Todos já fizemos isso a alguém num momento ou noutro, e enquanto recordarmos que ninguém é realmente "perfeito", a fase do pedestal de um relacionamento pode ser apreciada pelo que realmente é: uma fase. É quando realmente acreditamos na nossa própria projeção, que surgem problemas.
TODOS têm problemas, falhas e pontos cegos, tal como nós. Quando consideramos a ilusão de que alguém é perfeito, não permitimos que sejam humanos, então, quando cometem um erro de julgamento ou agem em contradição com a nossa ideia de perfeição, ficamos desiludidos. Podemos irritar-nos ou distanciar-nos em resposta. No fim, eles não são os culpados pelo fato de que nós os idealizamos. Na verdade eles podem ter gostado de se verem tão perfeitos nos nossos olhos (ou nós aos olhos deles… o nosso ego rejubila), mas somos nós quem escolheu acreditar numa ilusão. É nesta altura que nos recordamos que NINGUÉM é perfeito. Somos todos uma combinação de qualidades divinas e humanas e todos nós lutamos. Quando tratamos as pessoas que amamos com essa consciência, acabamos por permitir uma intimidade muito maior do que quando os mantivemos num trono arejado. O momento que vemos através da nossa projeção idealizada é o momento em que começamos a ver o nosso ente-querido como ele realmente é.
Não podemos realmente relacionar-nos com uma pessoa quando a idealizamos. Na vida, não há pedestais; Todos andamos juntos no mesmo terreno. Quando percebemos isso, podemos possuir a nossa própria divindade e a nossa humanidade. Esta é a chave para o equilíbrio e a totalidade dentro de nós mesmos e nossos relacionamentos.
Tenho sempre isso bem ponderado nas minhas relações. Tenho na família um exemplo de alguém que idolatra outrem em detrimento de todos os outros.
Há aqueles que brilham entre nós, não há dúvida nenhuma, e suas vitórias devem ser celebradas. Mas, ao invés de ser cego através de idolatrizar, devemos mantê-los como modelos do que somos individualmente e coletivamente capazes de nos tornar.
Ter os outros em boa consideração é mostrar preocupação, interesse pessoal, senso de humor, respeito, lealdade, compaixão e simpatia. É saber o que os outros precisam antes deles próprios saberem. É deixar o orgulho de lado (se o tiver) e não procurar ser diferente ou superior a eles. É ser tolerante e saber perdoar. É protegê-los de danos físicos e emocionais.
É pensar em como os outros se sentem colocando-se no seu lugar. Às vezes, nós preocupamos-mos demais com nossas próprias necessidades e desejos e acabamos por nos esquecer ou “esquecer” o que as nossas ações podem provocar nos outros.
É saber pedir desculpas quando errámos ou pelo menos admitir que não deveríamos ter dito/feito algo apesar de não ter sido com a intenção que foi recebido. Não devemos dizer um “desculpa!” como se não nos importássemos mas fazendo contacto visual, dizendo que o outro importa, mencionando que isso não acontecerá novamente (ou que pelo menos irá tentar que tal não aconteça). Tomar a responsabilidade por algo é ter muito mais consideração do que varrer a porcaria para debaixo do tapete só porque se acredita que isso faz desaparecer o problema. Ao pedir desculpa não devemos dizer algo como "lamento muito que te tenhas sentido mal quando eu... ". Esse tipo de linguagem acaba por culpar a outra pessoa e evitar a responsabilidade.
É fazer tudo o que foi escrito acima em público e em particular.
Ao ter consideração por alguém devemos explicar/dar um feedback negativo quando a pessoa estiver preparada. Devemos estabelecer um momento para falar (talvez em privado), em vez de dar um feedback negativo casualmente, quando a pessoa menos esperar ou precisar de nós, ou pior ainda, com atitudes que o outro possa não compreender.
Ser amigo não é muito diferente de ter o outro em boa consideração. A diferença penso que está na relação pessoal. Podemos ter uma personalidade famosa em boa consideração e no entanto não sermos seus amigos (Facebook não conta!).
Ser amigo é dar ainda mais quando o outro precisa, mesmo quando achamos que não temos mais nada para dar.
Ser amigo serve também para
No fundo, depois de gerirmos tudo ainda temos que não deixar que nos afete.
Como? Ora... isso é como a busca pela fonte da juventude...
*
ADENDA
E para terminar deixo-vos em esta música. Porquê?
Porque às vezes sinto que além de falar demais... escrevo demais também... Ninguém é perfeito!!
When I'm nervous I have this thing, yeah, I talk too much
Sometimes I just can't shut the hell up
It's like I need to tell someone, anyone who'll listen
And that's where I seem to fuck up
Yeah, I forget about the consequences
For a minute there I lose my senses
And in the heat of the moment my mouth starts going
Se a esperança de vida em Portugal são cerca de 80 anos, os anos que tenho são na realidade os que me restam de vida, porque os que já vivi já não os tenho mais...
Quando tudo está no automático, eu peço por coincidências. Daquelas bem bonitas que aparecem em filmes, com trilha sonora e tudo.
O mundo gira, e só. Não temos mais tanta emoção onde antes tudo era realmente vivo.
Não nos jogamos de penhascos como antes e matamos as borboletas no estômago antes mesmo das pobres conseguirem voar. Somos assim, antecipados, pensadores natos de tudo e “vivenciadores” de quase nada. Triste eu sei, mas real.
Para o equilíbrio e tira qualquer ser do automático, coincidência, ou como prefiro chamá-la, destino. Tá ai um que não erra nunca e nos força viver tudo aquilo que nos esquivamos, por bem ou mal. Como sabe das coisas! Chega por aqui com tapa na cara e tudo. Inacreditável, mas aceitável. Ele faz o melhor acontecer.
A coincidência desata até aqueles nós que aparecem. Faz com que encontros não sejam meros encontros. Faz com que aquilo que a gente pediu quando colocou a cabeça no travesseiro antes de dormir se torne real, demore o tempo que demorar. Coloca pessoas certas em tempos certos na nossa vida. Um plano sem traço, intocável. É nosso.
As pessoas que precisam passar pela nossa vida, de maneira positiva ou negativa, vão fazer isso acontecer. Somos donos do nosso destino e sabemos que todos que fizeram ou ainda vão fazer parte da nossa vida estão ligados a nós por um fio, que por vezes se rompe porque já não faz mais sentido.
O que foi rompido vai para o nunca mais, e então algo mágico acontece, o novo chega. Tirando do automático, fazendo com que coisas aconteçam quando menos se espera, mudando a lente que estava presa aos nossos olhos. Acredita-se que essas coisas acontecem quando a gente deixa de pensar no amanhã e vive sem amarras, sem pensar muito no que está por vir por um motivo muito simples, a fé no destino.