Tenho uma nova paixão... as fotos antigas (por enquanto só cdv). É algo que tenho andado a «namorar» há alguns meses mas finalmente comecei a coleccioná-las.
«Carte-de-visite ou carte
de visite (em português: cartão de visita) é o nome dado a um
antigo formato de apresentação de fotografias, patenteado pelo
fotógrafo francês André
Adolphe Eugène Disdéri em 1854. De tamanho diminuto (9,5 x
6 cm), a foto, geralmente revelada pela técnica de impressão em
albumina, era colada em um cartão de papel rígido um pouco maior (10
x 6,5 cm aproximadamente).
O carte-de-visite tornou-se modismo mundial
durante a década de 1860 e popularizou a arte do retrato, conferindo
ao fotografado o status de distinção e representação social. Como
padrão universal, o carte-de-visite era trocado entre familiares,
amigos e colecionadores do mundo todo, já que cabia em
uma envelope de carta comum.
Apesar de seu sucesso, o cartão de
visita foi aos poucos suplantado pelo formato conhecido como carte
cabinet (em português: cartão gabinete), surgido na década de
1870, tecnicamente igual ao antecessor, embora com dimensões maiores.»
***
«O posicionamento socioeconómico de uma determinada família pode
ser aferido através do seu espólio fotográfico (estando este ainda intacto): a
época em que os seus membros tiram os primeiros retratos; a época em que
recebem as primeiras ofertas de retratos, por parte de parentes e amigos; os
locais onde estes retratos são tirados; todos estes indícios podem ser
preciosos para caracterizar a história de uma família. Do mesmo modo, a fotografia antiga permite um melhor
conhecimento dos antepassados: a sua fisionomia, a sua estatura, postura e modo
de vestir. É claro que muito do que era o retrato, sobretudo na segunda metade
do século XIX, dependia da encenação criada pelos fotógrafos: a pose, o cenário
de fundo, os adereços e, em alguns casos, também a indumentária. E toda esta
parafernália ia alterando-se, seguindo a evolução da moda. Deste modo, o
retrato antigo, geralmente em formato "carte de visite" (cartão de
visita), tem importância para a História da Arte: ao nível das artes
decorativas, do mobiliário e de vários outros aspectos. Tem ainda importância
para a História da Técnica. Não podemos também negligenciar os timbres dos
fotógrafos, muito interessantes para o estudo do papel timbrado e da História das Artes
Gráficas, assim como as dedicatórias, que revelam autógrafos valiosos,
cumplicidades entre quem oferece e quem recebe, permitindo igualmente datar,
com certa precisão, muitos retratos.
Em suma, o estudo da fotografia antiga e do retrato "carte
de visite" em particular, tem diversas implicações, para além de ser,
obviamente, um auxiliar precioso dos estudos de Genealogia e de História da
Família.
Hoje, porém,
assiste-se a um perigoso hiato entre os velhos álbuns fotográficos da transição
do séc. XIX para o início do século XX e os retratos dos últimos anos do século
XX - época em que o retrato já estava banalizado em termos sociais. Muitos
desses álbuns antigos, com retratos em formato de cartão de visita, incluem
apreciável quantidade de imagens fotográficas não identificadas, ainda que
correspondam a antepassados directos dos seus actuais possuidores. Aliás, era
comum não colocar, no verso, o nome dos retratados, quando estes eram bem
conhecidos. Porém, passaram muitas décadas. Sem conseguir já identificar visualmente
esses antepassados, por se terem extinguido já as gerações que podiam ainda
lembrar-se deles, os possuidores de tais álbuns tendem a desligar-se
afectivamente dos mesmos. Tornam-se mais propensos, pois, a negligenciá-los ou,
em muitos casos, a desmembrá-los (para vender ou até destruir parte do
espólio), guardando somente algumas fotos previamente identificadas. Mesmo
quando não ocorre uma destruição completa do espólio fotográfico familiar mais
antigo, perde-se a própria compreensão da lógica de preenchimento destes
álbuns, com tais operações de retirada de retratos "carte de visite". »
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