Quando eu era pequenina, ansiava todo ano principalmente pelo Natal…
Não era a altura de reencontro com os meus primos, não era na casa dos meus avós, não haviam brincadeiras de subir às árvores, nem de construir casas no meio das pedras e nem de subir os montes no campo.
Mas as noites de Natal eram mágicas! Não porque a magia fosse propriamente natalícia mas porque nas semanas anteriores me perguntavam com mais regularidade as minhas preferências, o que precisava, o que queria. A expectativa era sempre grande.
Sempre com um frio imenso, as janelas à noite (na casa minúscula em que vivíamos) ficavam cobertas com gotículas de água provenientes da nossa respiração e do calor que provinha da cozinha. Finalmente aproximava-se a grande noite em que viria o famoso senhor das barbas. As luzes da árvore podiam piscar de dia e de noite.
Em minha casa nunca ninguém foi designado para incorporar a figura do homem da Lapónia! Ele nunca vinha pessoalmente.
Entre o brilho do papel de embrulho, as luzes da árvore de Natal e o real cheiro a pinheiro, lá vinham as bonecas, o diário, as roupas, mas nem sempre o tão desejado presente pedido.
As prendas eram abertas de manhã, e esse era também o dia de mostrar a todos com orgulho, o quão bem comportada fui. Normalmente obrigavam-me a numerá-los aos familiares e vizinhos. Os presentes não eram normalmente de qualidade mas em quantidade.
(Tiago, dezembro de 2004)
Penso que um dos primeiros Natais depois de casada, foi também com a família de ambos. Não correu muito bem.
(Joana, dezembro de 2007)
O tempo foi passando e as noites de Natal revelaram-me outras realidades. Abriram-me os olhos tanto a nível familiar como universal.
Enquanto tantos estão no seu “mundo mágico” outros passam em solidão e por isso, já não me fazia sentido tanta alegria pois não era universal.
A mim pessoalmente, a verdadeira dádiva do Natal consiste em dar e receber amor, ter paciência, dar e receber palavras de conforto e de amizade, partilhar uma ceia com quem mais queremos, sabendo que não descuramos aqueles que também mais precisam.
Quem me conhece sabe que tento (REALMENTE) fazer isso o ano inteiro mas parece que só no Natal se toca nesse assunto constantemente. Parece que apenas nesta altura, muitas pessoas estão sós e nós podemos de facto, fazer a diferença.
Desde que constituí a minha família, dei sempre a maior destaque às crianças. As minhas, pois são as únicas na família.
A primeira árvore que comprei é a que ainda tenho. Vai até ao teto tal como a do meu vizinho de infância. Haviam grandes excursões a casa dele para a vermos.
Quem põe a estrela no topo é normalmente o membro mais novo da família.
Com o passar do tempo talvez o Natal já não seja tão mágico para mim. Talvez porque me apercebo de todo o consumismo que há nesta altura. Talvez por toda a arrogância que vou notando. Acredito que no meu caso seja também porque para mim, e sinceramente, Natal é todos os dias!
É no entanto nosso dever tornar também esta época inesquecível para as crianças e tentar fazer o mesmo a todos os que nos rodeiam.
Há sempre maneiras diferentes de "acender" a magia natalícia (nem que seja com uma chucha!).
(Joana, dezembro de 2007)
Para todos, um Feliz Natal com muita paz e solidariedade no coração!
Tentem sempre que o Natal das vossas vidas não seja apenas hoje, mas todos os dias.