O nosso reino é tudo isto, e muito mais...

«Contos de fada são mais do que a verdade. Não porque eles nos dizem que dragões existem, mas porque eles nos dizem que dragões podem ser derrotados.»

~ Neil Gaiman ~

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Guizito entrevistou... Cláudia Pais (Linhas e Bolinhos)

O Guizito...... artesãos portugueses.
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Que canais utilizas para a divulgação do teu trabalho?
De momento, apenas o Flickr. E depois, é o passa palavra entre amigos.
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Fala-nos um pouco de ti.O meu nome é Cláudia, tenho 35 anos, sou casada e mãe de dois filhos, um menino mais velho e uma menina mais pequenita. Sou licenciada em gestão e administração pública e trabalho nessa área, mas tenho mesmo vocação para dona de casa, assumido por mim e confirmado por muitos dos que me rodeiam.
Gosto de cores, muitas cores e do que é infantil. Adoro livros de quadradinhos dos antigos e desenhos animados. Sou apaixonada pelo countryside britânico e as suas casinhas de telhado de colmo, gosto do Outono, de chá e chuva, acho que para contrabalançar todas as cores de que gosto de me ver rodeada. Enfim, aqui haveria muito para dizer…
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Como caracterizas o teu trabalho e o que é que ele significa para ti?
A esta pergunta respondo com um poema de Manuel Alegre:
“Com mãos se faz a paz se faz a guerra.Com mãos tudo se faz e se desfaz.Com mãos se faz o poema – e são de terra.Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.Não são de pedras estas casas masde mãos. E estão no fruto e na palavraas mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpasas mãos que vês nas coisas transformadas.Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.Ninguém pode vencer estas espadas:nas tuas mãos começa a liberdade.”
Das minhas mãos nasce o meu trabalho, com elas transformo, dou às cores um outro colorido, acrescento aqui, tiro acolá, crio … sou livre.
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Quando começaste? Quanto tempo dedicas a esta actividade agora?Pode dizer-se que sempre fiz algum trabalho de mãos. Em miúda fazia crochet, depois passei ao ponto cruz e ao Fimo e só descobri o feltro uns bons anos mais tarde. Nos entremeios, cheguei a fazer comida para fora.
Quando engravidei da minha filha, decidi que tinha que enveredar pelos meandros da costura, talvez motivada pelos vestidinhos com que já a imaginava vestida. Pedi uma máquina de costura de prenda de anos e a partir daí foi um processo lento, mas natural. Fiz muitas coisas que deitei fora, estraguei muitas linhas, outros tantos tecidos, mas a vontade de me aperfeiçoar continuava a crescer e hoje já me sinto muito mais confiante, mas tenho a noção de que ainda tenho muito que aprender. Quanto ao tempo que dedico a esta actividade, é bem menos do que gostaria, uma vez que tenho uma actividade profissional, onde aliás, tive uma vez um chefe que quando nós reclamávamos que não tínhamos tempo para acabar isto, ou fazer aquilo, perguntava: “Estão e o que é que você faz da meia noite às cinco?” Nós ficávamos danados com a pergunta, mas acaba por ser quase a resposta a esta. Sou a linhasebolinhos, mais ou menos da meia noite às cinco. Ou seja, funciona como anti-stresse, depois do trabalho, depois das responsabilidades de casa… É o meu momento a sós comigo mesma.
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Qual a história por trás do nome que escolheste para identificar as tuas peças?
Na realidade foi muito simples, quando pensei nisso pensei nas duas coisas que mais gosto de fazer, que são trabalhos de agulha e linha e bolos em geral, daí que linhasebolinhos, tenha sido uma escolha natural e imediata.

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Costumas actualizar-te e aprender novas técnicas? O que fazes para te manter actualizada?
Sim, procuro fazer workshops, adquiro livros e aprendo muito com a internet. O Youtube é um canal excelente, porque se encontram vídeos sobre como fazer quase tudo.
E depois sou autodidacta em muitas coisas, vou experimentando umas vezes com sucesso, outras nem por isso, mas tirando sempre daí alguma experiência.
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Qual o papel da tua família e qual a relação que tem com este trabalho?
A minha “avó torta” era costureira e a minha mãe também. A minha avó paterna fazia muito crochet e botinhas de lã para o Inverno para os netos todos.
Em casa todos os meus irmãos (4) tinham uma veia artística qualquer, fosse para a música, para o desenho, o macramé… sei lá… o meu pai fazia candeeiros de cartolina e barcos com paus de fósforo. Hoje em dia, a minha mãe dedica-se à pintura em tecido, azulejo, porcelana… mas faz/fez milhares de outras coisas, como arraiolos, estanho, quadros de esferovite…
Curiosamente, nunca aprendemos nada uns com os outros em efectivo, acabando por ser sempre muito autónomos e independentes. Quando tentava aprender costura com a minha mãe, acabávamos sempre amuadas uma com a outra… acho que é natural estes pequenos “conflitos” entre famílias, pelo que se acaba por exigir de parte a parte.
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Qual a peça artesanal que tens e que mais estimas (feita por ti ou oferecida) e porquê?O meu vestido de noiva, porque foi feito pelas mãos da minha mãe para um dia muito especial, acho que para ambas.
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Tens algum animal de estimação? Qual ou quais (nomes)?Não tenho nenhum.
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Coleccionas algo? O quê?
Agora não, mas já coleccionei pacotes de açúcar (neste momento é o meu pai quem cuida das centenas, senão milhares dos ditos), postais, calendários, folhas de bloquinhos. Fez tudo parte da minha adolescência.
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Quais as tuas perspectivas relacionadas com este projecto, para os próximos 2 anos?Pretendo que passe a um outro estágio, a um outro patamar, não exactamente com os mesmos contornos, mas acabará por ser uma continuidade do que agora faço. Mais novidades em breve (risos…)
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Conta-nos uma pequena história/curiosidade sobre ti ou sobre este teu projecto que te tenha marcado positivamente.
Não tenho propriamente histórias concretas de que me recorde no momento, mas posso partilhar convosco uma curiosidade: quando era miúda tinha horror a comida por cozinhar… entrava na peixaria de nariz tapado, pegava num bife com a ponta dos dedos a dizer “que nooooojo”, quando a minha mãe procurava fazer as suas tentativas infrutíferas de me ensinar uma ou outra coisa qualquer, e no entanto… hoje ninguém diria, certo?
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2 comentários:

Os Pitinhos disse...

Bom dia
Não conhecia o trabalho da Claudia e gostei muito desta entrevista. Além de gostar das peças que "metem"linhas, adorei os bolos.

Jokinhas

Marta

Glória disse...

Lindos trabalhos,parabéns.

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