Acabei de
ler este livro.
Muitas das coisas já as fazia inconscientemente. Muitas nem sabia que tinham nome. Descobri, com
grande felicidade minha, que estou no bom caminho.
‘Heartfulness:
Enfrente a vida de coração aberto’ é o novo livro de Mia Övén e propõe-nos um
desafio muito simples: viver intensamente, agora. A proposta é que cada uma
encontre a sua forma de praticar Heartfulness neste livro que inclui diversas
Mandalas para colorir, bem como uma inovação: é o primeiro publicado pela Porto
Editora a aplicar a tecnologia de realidade aumentada desenvolvida para os
manuais escolares híbridos através de uma app, a Miafulness, que nos dá acesso a meditações guiadas.
Falámos com a autora para saber mais sobre o que a inspirou a escrever este
guia e descobrir de que forma o Heartfulness se propõe a mudar para melhor a nossa
vida através da serenidade, da aceitação e da autocompaixão.
O que a inspirou a
lançar este novo livro?
Inicialmente, queria escrever um livro só para mulheres. Aliás, eu
tinha escrito todo o livro no feminino, e foi uma trabalheira mudar tudo. A
editora e o meu marido acharam que era uma pena estar direcionado apenas ao
público feminino, e que deveria abranger todos no geral. A ideia surgiu porque
eu trabalho muito com mulheres, algumas mães e outras não, e acho que nós
mulheres andamos muito perdidas, muito ao serviço dos outros, e esquecemo-nos
de nós próprias. Mas o que eu percebi com este trabalho é que não somos só nós
mulheres, na verdade. O que acontece é que nós temos mais facilidade em falar
sobre isso, no entanto somos lentas a entrar em ação. Arranjamos sempre muitas
desculpas! Este livro surge assim como uma forma de por em prática, por
escrito, a minha “viagem”, em que consegui melhorar a minha autoestima, aceitar
a minha vulnerabilidade, praticar mais autocompaixão e cuidar muito melhor de
mim, sabendo quais são os meus limites. Este é um livro para remediar coisas
que nos condicionam. Nós em geral, e as mulheres em particular, precisamos de
assumir mais responsabilidade pessoal, precisamos de estar bem para ajudar os
outros a fazer o mesmo.
E o que é Heartfulness?
Heartfulness é basicamente estarmos presentes com muita
compaixão e sobretudo autocompaixão, em primeiro lugar. Estabelecer limites e
perceber quando nos estamos a esquecer um bocadinho de nós, perceber que não
estamos bem e agir, inverter a situação. Conseguirmos estar bem mesmo quando
nos sentimos mal. Aceitar também o que é menos bom.
O que considera o
“kit essencial” do praticante de Heartfulness?
Lendo o livro, fazemos a “fotografia” do nosso momento presente, algo
que a Mandala da Vida também ajuda a fazer [incluída no fim no livro], e
tirando essa “fotografia” ficamos com a ideia de por onde podemos começar, para
não nos sentirmos assoberbados. A primeira atitude é sem dúvida a abertura, a willingness, o estar disposto a fazer alguma coisa de
diferente do que estamos a fazer.
A segunda é resgatar a pausa. Já não sabemos fazer pausas na vida!
Dantes fazíamos pausas naturais: estava numa fila e não tinha um smartphone, não tinha como fazer o tempo passar.
Ainda ontem estava na sala de espera do dentista com a minha filha, e estava a
aproveitar para trabalhar… Antes de 2006 não conseguia fazer isso. Tinha
obrigatoriamente de fazer aquela pausa. Hoje não há tempo para pensar. Estamos
sempre em overload de
informação, estamos sempre a “aproveitar” – vou aproveitar para despachar isto,
para ver aquilo… Se conseguirmos ambos estes pontos, o resto surge
naturalmente. Ah, e não podemos adiar. O constante “Ah, faço depois!” leva a
que nunca se comece… É começar agora, não amanhã nem depois de amanhã!
Quais são os
maiores obstáculos para o praticante de Heartfulness?
O primeiro são os nossos pensamentos. As mulheres pensam ser as deusas
do multitasking, pensam ser capazes de fazer mil e uma
coisas ao mesmo tempo, e na realidade não é bem assim. O “tenho”, “devo”, etc.,
só existem na nossa cabeça, e temos de parar um bocadinho e olhar para nós.
Depois, o ceticismo. É super saudável sermos céticas, mas quando o ceticismo se
torna um obstáculo à nossa abertura, temos de o dominar.
Ao longo do livro
a Mia fala muito em intenções, e na importância de as definir. Mas distingue
uma intenção de um objetivo, quer explicar melhor esta ideia?
Um objetivo tem de ter um inicio e um fim. Se a minha a intenção for
sentir-me bem, posso ter como objetivo algo que devo fazer especificamente para
me sentir bem. O objetivo tem de ser mensurável, tem aquele limite: vou treinar
para me sentir bem agora. E vários objetivos podem ajudar-me a viver e a servir
a minha intenção. A intenção é como um guia, uma luz que nos indica as ações:
para onde quero ir? O que quero? A partir daí surge o objetivo.
Depois de ler o
livro, como pode a minha vida mudar?
Em primeiro lugar, a mudança vai ser interior. Vai ver efeitos na
autoestima, vai perceber como a vulnerabilidade pode ser uma força, vai saber a
importância da autocompaixão, a importância de comunicar os seus próprios
limites e poder descobrir quais são. No fundo, vai sentir-se melhor consigo
mesma e vai perceber o que tem de fazer em concreto para se sentir melhor em
termos de autocuidado. O que posso fazer para me sentir melhor fisicamente,
mentalmente? Aqui vai encontrar a resposta.
Aconselho!!
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